Faro - Portugal

Capital do distrito de mesmo nome, capital também da região e da sub-região do Algarve. Sede de um município com pouco mais de 65 mil habitantes, subdividido em quatro freguesias.  O município é limitado a norte e oeste pelo município de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul tem costa no Oceano Atlântico. E através de seu aeroporto, a cidade constitui a terceira maior entrada externa do país (a seguir a Lisboa e Porto). Hoje, o Just Travel vai contar um pouco mais sobre Faro, a capital do Algarve, em Portugal.

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Faro é a capital do distrito de mesmo nome, e também a capital do Algarve

HISTÓRIA

Os primeiros marcos remontam ao século VIII a.C., ao período da colonização fenícia do Mediterrâneo Ocidental. O seu nome de então era Ossónoba e era um dos mais importantes centros urbanos da região sul de Portugal e entreposto comercial, integrado num amplo sistema comercial, com base na troca de produtos agrícolas, peixe e minérios. Entre os séculos III a.C. e VIII d.C., a cidade esteve sob domínio romano, Bizantino e visigodo. Dos vestígios romanos destaca-se as Ruínas romanas de Milreu. Do período visigótico existem várias fontes e indícios (quer de escritores cristãos quer árabes) que referem uma magnífica catedral, mas cujos vestígios nunca foram encontrados. Da ocupação bizantina (Império Bizantino) destacam-se as torres bizantinas da cidade

Torres Bizantinas de Faro

Faro foi conquistada pelos mouros no ano de 713 d.C, os quais ergueram ali uma fortificação (reforçada por uma nova muralha a mando do príncipe mouro Ben Bekr, no século IX). Durante a ocupação árabe, o nome Ossónoba prevaleceu, desaparecendo apenas no século IX, para dar lugar a Santa Maria do Ocidente era então capital de um efémero principado independente.

No século XI passa a designar-se Santa Maria de Ibn Harun assim chamada em honra do fundador da Dinastia dos Banu Harun, Emires da Taifa de Santa Maria do al-Gharb, e o nome de Ossónoba começa a ser substituído. A cidade é fortificada com uma cintura de muralhas.

Na sequência da independência de Portugal, em 1143, o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques e os seus sucessores iniciam a expansão do país para o sul, reconquistando os territórios ocupados pelos mouros. Depois da tomada da cidade por D. Afonso III, em 1249, os portugueses designaram a cidade por Santa Maria de Faaron ou Santa Maria de Faaram. Nos séculos seguintes, Faro tornou-se uma cidade próspera devido à sua posição geográfica, ao seu porto seguro e à exploração e comércio de sal e de produtos agrícolas do interior algarvio, trocas comerciais que foram incrementadas com os descobrimentos portugueses.

Tem, nesse período, uma importante e ativa colônia judaica que no final do século XV imprime localmente o Pentateuco, o primeiro livro português. A comuna de Faro terá sido sempre uma das mais distintas da região algarvia e das mais notáveis do País, em todos os tempos, com muitos artesãos e muita gente endinheirada, sendo frequentes no século XIV as ligações comerciais de judeus e cristãos. A manifesta prosperidade dos judeus farenses no século XV é interrompida pela carta patente de dezembro de 1496 em que D. Manuel I os expulsava de Portugal, caso não se convertessem ao catolicismo.

Sé de Faro: Igreja é um dos edifícios mais importantes do Algarve

Os séculos XVII e XVIII são um período de expansão para Faro, que foi cercada por uma nova cintura de muralhas durante o período da Guerra da Restauração (1640 - 1668), que abrangia a área edificada e terrenos de cultura, num vasto semicírculo frente à Ria Formosa.

Em 1 de novembro de 1755, o Algarve é arruinado por um grande sismo que devido à sua intensidade provocou, igualmente, estragos em outras cidades do país, sobretudo em Lisboa.

A cidade de Faro sofreu danos generalizados no património eclesiástico, desde igrejas e conventos até o próprio Paço Episcopal. As muralhas, o castelo com as suas torres e baluartes, os quartéis, o corpo da guarda, armazéns, o edifício da alfândega, a cadeia e os conventos de S. Francisco e o de Santa Clara foram destruídos e arruinados.

Até finais do século XIX, a cidade manteve-se dentro dos limites da Cerca seiscentista de Faro. O seu crescimento gradual sofre um maior ímpeto nas últimas décadas.

Assim, oficialmente e só neste sentido, deixaram de existir judeus em Portugal, o que também aconteceu em Faro, onde a terceira esposa de D. Manuel I mandou erigir o Convento de Nossa Senhora da Assunção em Vila Adentro, local em que estava implantada a judiaria.

O Rei D. Manuel I promove, em 1499, uma profunda alteração urbanística com a criação de novos equipamentos na cidade - um Hospital, a Igreja do Espírito Santo (Igreja da Misericórdia), a Alfândega e um Açougue - fora das alcaçarias e junto ao litoral. Em 1540, D. João III eleva Faro a cidade e, em 1577, a sede do bispado do Algarve é transferida de Silves para Faro. O saque e o incêndio, em 1596, pelas tropas inglesas de Robert Devereux, 2.º Conde de Essex, danificaram muralhas e igrejas, e provocaram elevados danos patrimoniais e materiais na cidade.

GEOGRAFIA E CLIMA

O grande destaque do concelho é a Ria Formosa que constitui um sapal que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18 400 hectares ao longo de 60 quilômetros desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota.

A Ria Formosa, é limitada a Sul por um conjunto de ilhas-barreira de cordão arenoso litoral, conhecidas por, península do Ancão (Praia de Faro), ilhas da Barreta, Culatra, Armona, Tavira, Cabanas e península de Cacela. Estas estão dispostas paralelamente à costa, protegendo uma laguna que forma um labirinto de sapais, canais, zona de vasa e ilhotes, que a separa do Oceano Atlântico. As suas dunas, ilhas e barras para o alto mar estão em movimento contínuo conforme as marés. Muitos locais arqueológicos apresentam vestígios de povoações romanas e pré-romanas.

Vista da Via Formosa, em Faro

Ao longo de 57 quilômetros de comprimento, este sistema lagunar, o mais extenso da costa portuguesa, tem a sua importância ecológica reconhecida internacionalmente, pelas características naturais únicas que apresenta e pela sua localização geográfica, que fazem desta zona úmida um dos principais biótopos de suporte da avifauna, pelo que tem vindo a ser alvo de proteção legal. Encontra-se assim, abrangida pelas disposições da Convenção de Ramsar e de Berna, integra a Rede Natura 2000, quer como Zona de Proteção Especial estabelecidas ao abrigo da Diretiva Aves, quer como Zona Especial de Conservação e inscrita na lista nacional de sítios ao abrigo da Diretiva Habitats.

Possui uma profundidade média de dois metros e uma disposição irregular dos fundos. Cerca de 14% da superfície lagunar encontra-se permanentemente submersa, e cerca de 80% dos fundos emergem em maré baixa e em regime de marés vivas. Os cursos de água que desaguam no sistema da Ria Formosa (Rio Seco, Gilão, Ribeiras de Almargem, Lacem, Cacela, e outros) são sazonais e de pouco caudal, dada a fraca pluviosidade local. Assim, a ria é alimentada quase exclusivamente por água oceânica.

Praia de Faro
Quanto ao clima, é mediterrânico, um clima em que a temperatura é amena durante todo o ano, um clima em que podemos desfrutar do sol mais de 300 dias por ano, e em que os meses que são verdadeiramente chuvosos são reduzidos em dois, Novembro e Dezembro. A temperatura no verão, durante o dia anda entre os 25 e 30 graus, e entre 15 e 20 graus no Inverno, salvo excepções. Durante a noite, as mínimas no Inverno andam por volta de 6 ou 7 graus e no Verão entre 15 e 20 graus.

Os meses mais quentes são os de Julho e Agosto. Os meses mais chuvosos são Novembro e Dezembro. Os meses mais frios são Janeiro e Fevereiro.

As maior e menor temperaturas registadas em Faro no período 1971-2000 foram 39,8 °C e –1,4 °C. Porém,há registros 42,5 °C em 2004. fonte: Instituto de Meteorologia.

GASTRONOMIA

A gastronomia algarvia com reminiscências da presença dos romanos e dos árabes na região, e pela proximidade à Ria Formosa e ao Oceano Atlântico, têm por base peixe, marisco e produtos do campo, confeccionados em cataplanas, guisados e cozidos ou na grelha. Os carapaus, biqueirões e sardinhas alimados, as amêijoas e berbigões ao natural, o arroz de lingueirão, as cataplanas, caldeiradas e massinhas com peixe são pratos típicos de Faro. As papas de milho, mais conhecidas como xarém, são um dos ex-libris da região. As carnes também constam nos cardápios da região, numa mistura com marisco.

Receita de Arroz de Lingueirão (Algarve) | Cozinha Tradicional
Arroz de Lingueirão, prato tradicional da região do Algarve

Nas sobremesas predominam as doçarias à base de frutos secos como bolos de amêndoa, figo e alfarroba.

Com uma região vinícola demarcada, de clima tipicamente mediterrânico, que utiliza castas tradicionais para produzir vinhos de qualidade, com sabor a fruto, baixa acidez e a que o sol dá uma graduação elevada, os vinhos e aguardentes juntam-se à tradição gastronômica do Algarve.

PRINCIPAIS EVENTOS

FOLKFARO: Uma iniciativa do Grupo Folclórico de Faro, cuja primeira edição foi em 2003, colocou Faro na rota dos grandes festivais de folclore da Europa. Constam da programação do Folkfaro, que ocorre em meados de Agosto, espetáculos de folclore nacional e internacional, ateliers de dança, folclore para crianças, galas temáticas e animações de rua.

FolkFaro 2014 - Grupo Folclórico de Faro - YouTube
Grupo Folclórico de Faro durante apresentação na FolkFaro, em 2014 (reprodução: YouTube)
FESTA DA RIA FORMOSA: É uma iniciativa gastronômica de entrada livre promovida pela Vivmar - Associação de Viveiristas e Mariscadores da Ria Formosa e realiza-se todos os anos no final do mês de Julho, prolongando-se até aos primeiros dias do mês de Agosto. A Festa da Ria Formosa tem a duração aproximada de 11 dias e o visitante para além de poder saborear o marisco oriundo da Ria, pode divertir-se com a animação diária através de vários artistas regionais e nacionais, que fazem de cada noite um motivo para voltar na noite seguinte.

Nesta Festa pode saborear-se todo o tipo de marisco, como o camarão, santola, búzio, amêijoa, berbigão, lingueirão, ostras, além de outros pratos regionais confeccionados tendo por base o marisco da Ria Formosa, como por exemplo a feijoada de marisco, as papas de milho com berbigão, o arroz de marisco, o arroz de lingueirão, a feijoada de buzinas, amêijoas na cataplana, entre outros.

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Pratos sendo preparados na Festa da Ria Formosa

ESPAÇOS CULTURAIS

MUSEU MUNICIPAL DE FARO: Na origem, este museu, inaugurado em 1894, denominava-se Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique. Herdeiro dessa instituição oitocentista, o atual Museu Municipal de Faro encontra-se instalado no antigo Convento de Nossa Senhora da Assunção (desde 1973). O Museu conta a história da cidade e da região, através de coleções de arqueologia e pintura, tendo obtido o Prêmio de Melhor Museu Português pela Associação Portuguesa de Museologia em 2005. Possui um acervo bastante diversificado, na sua maioria proveniente de doações, contando com um espólio dividido por 29 coleções num total de cerca de 12.500 objetos inventariados.

From the other end... - Foto de Museu Municipal de Faro - Tripadvisor
Eis o Museu Municipal de Faro

TEATRO MUNICIPAL DE FARO: Conhecido também como "Teatro das Figuras", ele foi inaugurado em julho de 2005. É um equipamento cultural cuja importância ultrapassa largamente o horizonte concelhio, constituindo um marco decisivo na consolidação da vida cultural da região. Com uma capacidade de 786 lugares, o Teatro Municipal de Faro é reconhecido pela qualidade e versatilidade dos equipamentos, pelas características multidisciplinares da programação, pelo acolhimento de criadores contemporâneos, locais e regionais, a par da apetência em participar em redes, parcerias e com produções nacionais e internacionais. A gestão da programação do Teatro das Figuras e do Teatro Lethes está entregue à empresa Teatro Municipal de Faro, EM, criada para o efeito.

Teatro Municipal de Faro | Mapio.net
Teatro Municipal de Faro é conhecido como o "Teatro das Figuras".

EDUCAÇÃO

A cidade de Faro possui uma importante Universidade, além de uma importante Escola de Turismo/Hotelaria, visto que a região é muito visitada não só por portugueses, mas por turistas do mundo inteiro. A Universidade do Algarve um estabelecimento de ensino superior público fundado em 1979, composta por três campi: Penha, Gambelas e Saúde, na cidade de Faro e um campus em Portimão. Composta por três estruturas de Ensino Universitário: Faculdade de Economia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e Faculdade de Ciências e Tecnologia e quatro de Ensino Politécnico: Escola Superior de Saúde, Escola Superior de Educação e Comunicação, Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo e Instituto Superior de Engenharia, a universidade conta com cerca de dez mil alunos.

Bem-vindos à Universidade do Algarve | Universidade do Algarve
Entrada da Universidade do Algarve
Já a Escola de Hotelaria e Turismo, que funciona desde 1966, no Palacete Doglioni a partir de 1970, onde permaneceu até 1995, a Escola de Hotelaria e Turismo atualmente, funciona nas instalações do antigo Convento de São Francisco. Esta escola, referência nacional na formação na área da hotelaria e turismo, encontra-se integrada na rede de dezasseis escolas do Turismo de Portugal.

Comentários

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