Santiago de Compostela - Espanha

Uma cidade muito bastante conhecida, mas pouco falada. Muitos vão lá por conta de seu maior ponto turístico, que é uma catedral. Capital da comunidade autônoma da Galiza e faz parte da província da Corunha e da comarca de Santiago. De onde estamos falando? Se você respondeu Santiago de Compostela, aceitou. No primeiro post de 2015, vamos falar a respeito dessa linda cidade espanhola, que recebe turistas do mundo inteiro.


Santiago de Compostela é conhecida pela sua catedral, que atrai milhares de turistas todos os anos

Na Espanha, muitos só conhecem as principais cidades: Madri e Barcelona. A cidade é internacionalmente famosa como um dos destinos de peregrinação cristã mais importantes do mundo, cuja popularidade possivelmente só é superada por Roma e Jerusalém. Vamos conhecer um pouco mais da história de Santiago de Compostela?

HISTÓRIA

Na área atualmente ocupada pela catedral existiu um povoado romano que geralmente se identifica com a chamada mansão de Asseconia, situada à beira da estrada romana identificada como Via XIX no Itinerário de Antonino, que ia de Bracara Augusta (atual cidade de Braga, em Portugal) até Astúrica Augusta (atual Astorga, cidade da Espanha). Este povoado existiu entre o século I d.C. e o século V, mas ali permaneceu uma necrópole que possivelmente foi usada durante Reino Suevo e até ao século VII.

A fundação da cidade está ligada à alegada descoberta dos restos mortais do apóstolo Santiago Zebedeu, ocorrida em 812 ou 813 ou ainda, segundo outras versões ou estimativas, entre 820 e 835 ou entre 818 e 842, que deu uma importância religiosa crescente ao local. A cidade desenvolveu-se graças à popularidade crescente como destino de peregrinação e, a partir do século XVI, também à criação da universidade. Na atualidade a cidade deve também parte da sua importância ao estatuto de capital da Galiza.

Segundo a tradição medieval, cujo registo mais antigo aparece na Concórdia de Antealtares (1077), o eremita Pelágio (ou Paio), alertado por luzes noturnas que avistou no bosque de Libredão (Libredón) avisou o o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, que deslocando-se ao local descobriu um sepulcro de pedra no local onde está agora a catedral. No sepulcro repousavam três corpos, que o bispo identificou como sendo de Santiago Maior e de dois dos seus discípulos Teodoro e Atanásio.

A descoberta — ou a sua invenção — ocorreu num período em que o rei Afonso II das Astúrias estava empenhado em combater o perigo de secessão e no reforço da coesão do seu reino. Para tal declara-se o genuíno representante da tradição goda em matéria de religião e leis, visando com isso assegurar a unicidade do poder. Além disso, nomeia um herdeiro de sangue real, embora não primogênito, para governar a Galiza. Mas o ato mais genial dessa política é a criação de Compostela. Aproveitando a notícia da descoberta do corpo do apóstolo, Afonso II fez uma peregrinação ao local (segundo a tradição, foi ele o primeiro peregrino de Santiago) e ali manda construir a suas expensas uma igreja a que concede privilégios e ali fixa uma comunidade religiosa. Em volta da igreja fixa população e funda uma povoação que desde o início goza de prerrogativas reais. Com isto, o rei asturiano consegue encontrar um padroeiro para a sua causa contra os muçulmanos, um Santiago cavaleiro e "mata-mouros", e ao mesmo tempo passa a ter uma cidade fiel até ao limite encravada no coração da Galiza. Santiago torna-se assim o braço estendido do monarca asturiano na Galiza.

A notícia da descoberta do túmulo espalhou-se tanto no reino como fora dele, fazendo com que Compostela se tornasse um novo lugar de peregrinação da cristandade, numa altura em que a importância de Roma decaíra e Jerusalém estava inacessível por estar nas mãos dos muçulmanos.


A cidade foi-se desenvolvendo pouco a pouco. À comunidade eclesiástica estabelecida por Afonso II que tinha a seu cargo o sepulcro e respetiva igreja, constituída pelo bispo de Iria Flávia e pelos monges de Antealtares foi-se juntando espontaneamente uma população heterogênea, a maioria proveniente das aldeias próximas. O povoado foi crescendo ao mesmo tempo que a peregrinação se tornou mais popular, estendo-se a todo o Ocidente da península Ibérica. O crescimento foi reforçado com o privilégio concedido por Ordonho II em 915, que determinava que quem quer que permanecesse quarenta dias sem ser reclamado como servo passava a ser considerado como um homem livre com direito a residir em Compostela. O primeiro habitante conhecido de Compostela é um estrangeiro de nome Bretenaldo Franco, cuja menção mais antiga é de 955.


Pórtico da Glória da catedral de Santiago de Compostela, retratado em uma pintura de Jenaro Pérez Villaamil (1849)

IDADE CONTEMPORÂNEA

Na Idade Contemporânea, surgiram iniciativas como a Sociedade Econômica de Amigos do País, uma organização de cidadãos letrados que tinha como objetivo difundir as ideias iluministas e que tinha como ideal promover o desenvolvimento, nomeadamente através d estudo da situação econômica. No entanto, após a ocupação francesa e da resistência do Batalhão Literário, formado por estudantes contra a ocupação, Santiago torna-se um baluarte conservador carlista. A igreja compostelana anseia restaurar um Reino da Galiza tradicionalista dentro da monarquia espanhola, de acordo com os parâmetros do Antigo Regime. Com a vitória liberal na Primeira Guerra Carlista (1833–1840), os vencedores castigam a cidade favorecendo a Corunha, capital provincial, em detrimento de Santiago.

É em Santiago que surge o primeiro jornal galego, El Catón Compostelano, em 1800. Em meados do século XIX já há alguma indústria, na forma de fábricas artesanais de curtumes, chocolates e refrigerantes, mas o desenvolvimento é travado pelo atraso nas vias férreas (o comboio só chega à província da Corunha em 1943).

No século XX Santiago assiste à expansão da ideologia galeguista, nomeadamente com a criação em 1923 do Seminário de Estudos Galegos, uma instituição com o objetivo de divulgar o patrimônio cultural galego formar investigadores, um papel que não era cumprido pela única universidade de Santiago, a única universidade galega da época. Nos alvores da Segunda República Espanhola, no início da década de 1930, a Assembleia de Municípios da Galiza mostrou-se favorável à redação de um estatuto de autonomia, que chegaria a ser referendado e apresentado às Cortes em 1936, mas todo esse movimento foi sufocado pelos nacionalistas durante a guerra civil, no início da qual foi fuzilado o alcaide Ánxel Casal, um destacado ativista galeguista. 


Palácio de Raxoi, sede da Junta da Galiza e do executivo municipal

Pra quem não conhece ou nunca ouviu falar na Junta da Galiza, ela aparece definida no Estatuto de Autonomia da Galiza como o órgão colegiado do governo local. É composta pelo presidente, seu vice e os conselheiros. Os vice-presidentes e conselheiros são todos nomeados pelo presidente. A Junta regula os seus próprios tributos, elabora as normas para gerir os impostos estatais e elabora e aplica o orçamento da Galiza. Tem também competências exclusivas, no que se refere a: organização das suas instituições de autogoverno e das comarcas e freguesias rurais como entidades próprias da Galiza; ordenação do território e do litoral, urbanismo e habitação; atuações em relação às instituições do Direito Civil galego; normas processuais e procedimentos administrativos que derivem do Direito especificamente galego ou da organização dos poderes públicos; obras públicas; vias férreas, estradas e transporte; portos, aeroportos e heliportos; aproveitamentos florestais, hidráulicos e relativos à energia elétrica; águas minerais e termais; pesca nos rios e águas interiores; feiras e mercados; artesanato, patrimônio artístico, bibliotecas, museus, conservatórios de música e serviços de Belas Artes; fomento da cultura e da investigação; promoção e ensino da língua galega, do turismo e do desporto; assistência social; criação de uma Polícia Autonômica; regime das fundações; casinos, jogos e apostas; centros de contratação de mercadorias e valores; confrarias de pescadores, câmaras distintas e normas adicionais sobre proteção do ambiente.

PONTOS TURÍSTICOS

Catedral: É o ponto turístico mais conhecido e visitado de Santiago de Compostela. Teve sua construção iniciada em 1075 e só foi finalizada no ano de 1112. É a sé da arquidiocese homônima e foi construída em estilo românico, na época das cruzadas e durante a reconquista cristã. Sofreu várias reformas que lhe adicionaram elementos góticos, renascentistas e barrocos. 

Segundo a tradição, acolhe o túmulo do apóstolo Santiago Maior, padroeiro e santo protetor de Espanha, o que a converteu no principal destino de peregrinação cristã na Europa a seguir a Roma durante a Idade Média, através do chamado Caminho de Santiago, uma rota iniciática na qual se seguia a Via Láctea que se estendia por toda a península Ibérica e Europa Ocidental. A peregrinação foi um fator determinante para a afirmação política dos reinos cristãos hispânicos medievais e na sua participação nos movimentos culturais da sua época. Atualmente continua a ser um importante destino de peregrinação, para o que contribui a renovada popularidade do Caminho de Santiago a partir dos anos 1990, que levou à catedral mais de 270 000 peregrinos registrados.


Catedral de Santiago de Compostela: principal ponto turístico da cidade recebe milhões de visitantes todos os anos, por ser um dos destinos de peregrinação cristã mais importantes do mundo.

Mosteiro de São Martinho Pinário: Situado na Praça da Imaculada, em frente à fachada norte da catedral, o Mosteiro de São Martinho Pinário teve na sua origem um oratório dedicado a Santa Maria denominado da Corticela, que foi derrubado em finais do século IX, à exceção da capela, que atualmente faz parte da catedral de Santiago, quando o rei Afonso III, o Magno e o bispo Sisnando iniciaram as obras da nova catedral. O mosteiro foi construído em 899 e para ele foram transferidos os monges beneditinos do antigo oratório. Este primeiro mosteiro foi a seguir substituído por outro cenóbio cuja igreja foi consagrada em 1102 pelo bispo Gelmires.

Ao longo da Idade Média o mosteiro cresceu de tal forma que nos finais do século XV se tornou o mais rico e poderoso da Galiza. Isto levou a que fosse reconstruído quase por completo a partir do século XVI. A partir de então passou a ter na sua dependência a maioria dos mosteiros masculinos da galegos. Com a desamortização em 1835, passou a ter várias outras funções; a partir de 1868 passou a ser o seminário maior da arquidiocese compostelana.


Fachada do Mosteiro de São Martinho Pinário
CLIMA

Santiago de Compostela tem um clima de tipo oceânico úmido com temperaturas amenas ao longo de todo o ano, com média anual de aproximadamente 15°C, 8°C no inverno e 25 a 27°C no verão. A precipitação anual oscila entre os 700 e os 800 milímetros, concentrando-se sobretudo no inverno, sendo menor no outono e primavera.


Os fatores que mais influenciam o clima local são a relativamente grande distância da costa marítima, a altitude e a presença de serras que "encaixam" a cidade e os seus arredores, o que faz com que a umidade se concentre e que no inverno sejam habituais os dias nublados.


Neve em Santiago de Compostela: fenômeno é bem raro na cidade

ECONOMIA: A economia da cidade é baseada em vários setores muito diversificados. A universidade, os serviços administrativos do governo autônomo da Galiza, que ali tem a sua sede, o turismo cultural e a indústria, especialmente a madeireira (nomeadamente a empresa multinacional Finsa, com sede em Ames), e as telecomunicações e eletrônica, com empresas de ponta neste setor, como a RTVG, Blusens, Televés e Telcor.

TRANSPORTES: Os transportes públicos urbanos de Santiago estão concessionados à empresa Tussa. Esta opera 24 linhas de autocarros que servem a cidade e arredores. Há também uma rede de transportes metropolitanos que liga o centros às cidades dormitório e que é subsidiado pela Junta da Galiza. Os congestionamentos de tráfico são frequentes, embora a situação tenha melhorado com a abertura de novas vias nos últimos anos.

AEROPORTO: Inaugurado em 1937, o aeroporto de Santiago de Compostela recebe cerca de 2 milhões de passageiros por ano, como foi em 2013. Ônibus e táxis ligam o aeroporto de Santiago de Compostela à área urbana. Há ônibus que partem do aeroporto para La Coruña, Lugo, Santiago, Sobrado e vice-versa. A linha que vai para Santiago parte a cada 30 minutos de 6:45 am a 12:45 am (custo do bilhete €3 e €5,10 ida e volta). 

A linha que vai até Lugo parte 7 vezes por dia; horários: 7:10, 9:25 (com exceção de sábados e domingos), 11:10, 12:55 (com exceção dos domingos), 16:10, 18:40 e 20:10 (com exceção dos sábados). A linha Santiago-Sobrado liga o complexo com Sobrado passando por Arca, Arzúa e Boimorto (horários de segunda a sexta 18:10). O serviço Aeroporto - A Coruna liga o complexo ao Hotel Atlantico de A Coruña (parte 12:15 desde o terminal e 9:15 desde A Coruña). 

Os pontos de ônibus e táxis residem na saída do edifício do terminal. Por sua vez, a companhia Rynair oferece um serviço de transporte expresso. Mais informações - fone 981 588 111. As companhías de táxis autorizadas para operar no complexo são Euro Taxi (carros adaptados) (Tel. 981 535 154) e Radio Taxi (Tel. 981 569 292). Taxas: €0,94 por km, mas em horários noturnos (de 22.00 a 7.00) e de €1,40 e os feriádos, sábados e domingos o custo é de €1,17 por km. Além disso há um suplemento (adicional) por bagagem (€0,50).

UNIVERSIDADES: A única da cidade é a Universidade de Santiago de Compostela. A universidade pública foi fundada em 1495, sendo a principal e mais antiga da Galiza. Dela, fazem parte 19 faculdades, que são:


Campus Histórico
Geografia e História
Filosofia
Medicina

Campus Norte
Escola Universitária de Trabalho Social
Odontologia
Enfermagem
Ciências da Educação
Ciências Econômicas e Empresariais
Filologia
Ciências da Comunicação

Campus Sul
Química
Direito
Prática Jurídica
Relações Laborais
Ciências Políticas e Sociais
Matemática
Biologia
Psicologia
Ciências da Educação
Escola Universitária de Ótica
Física
Farmácia
Escola Técnica Superior de Engenharia

Campus de Lugo
Formação do Professorado de Lugo
Escola Universitária de Enfermagem de Lugo
Escola Universitária de Relações Laborais de Lugo
Faculdade de Veterinária da Universidade de Santiago
Escola Politécnica Superior de Lugo
Faculdade de Administração e Direção de Empresas de Lugo
Faculdade de Ciências de Lugo

Universidade de Santiago de Compostela é uma das mais antigas do mundo

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